Reunindo centenas de vasos de flores e plantas, a fachada do Chronos Residencial situado na rua gomes jardim no centro de Novo Hamburgo mostra como aliar tecnologia e sustentabilidade. Além de uma beleza particular na composição de plantas que formam desenhos geométricos através de suas cores, a fachada é ecologicamente correta.
A proposta possui um sistema de irrigação simples e permanente, utilizando a água de reuso tratada no próprio prédio e custo e manutenção mínimos para deixá-lo ainda mais espetacular. A real exuberância acontecerá com o crescimento das plantas que concretizará o visual completamente.
A Athivabrasil idealizou e desenvolveu cada parte do projeto. Deixando para os moradores e a comunidade apenas apreciar e usufruir.
Esta é, contudo, apenas uma das qualidades do Chronos Residencial, que é o primeiro empreendimento do Brasil a atender o nível superior das normas de desempenho (ABNT NBR 15575). Com uma proposta de trabalho diferenciada, a Athivabrasil optou por buscar a Certificação junto ao ITT PERFORMANCE – Instituto Tecnológico de Desempenho para a Construção Civil da Universidade do Vale dos Sinos – RS – Unisinos, sendo ele o único laboratório da região sul do país que desenvolve pesquisa na área.
Esta proposta resultou em um prêmio da categoria Gestão da Produção de P&D, do Prêmio CBIC de Inovação e Sustentabilidade. O trabalho “Análise dos Impactos para certificação de residencial conforme NBR 15575 de 2013 em Nível Superior” foi apresentado como estudo de caso do empreendimento, com o objetivo de analisar os principais impactos nos processos.
A partir do Chronos, todos os empreendimentos da Athivabrasil irão atender o nível superior das normas.
“Empresas de referência do mercado estão mobilizadas, incorporando a norma em sua rotina e criando novos modelos de trabalho”
Por Nanci Corbioli
Edição 235 – Outubro/2016
Na 3ª edição do Seminário de Inovação e Tecnologia da Construção Civil, que aconteceu dia 05 de agosto na Feira Construsul, Eduardo Frapiccini apresentou case sobre o Chronos Residencial – Empreendimento Athivabrasil.
Veja fotos da apresentação abaixo… Para conferir o conteúdo da apresentação – CLIQUE AQUI!
Com parâmetros de qualidade bem definidos, a norma de desempenho ABNT NBR 15575 gerou uma mudança de paradigma. Mais do que nunca, o projetista precisa se preocupar com o seu projeto, verificando a tão famosa compatibilização.
A ABNT NBR 15 575:2013 – Edificações Habitacionais – Desempenho, trouxe uma grande revolução no segmento da construção habitacional, por ser a primeira normativa brasileira que explicita critérios de desempenho específicos para os sistemas construtivos. “É importante destacar que o nível de exigências de desempenho está associado à vida útil e à durabilidade do empreendimento. Como a edificação precisa ter um nível de desempenho e qualidade não somente no ato da entrega do empreendimento, como também ao longo do tempo, a responsabilidade do gestor de projetos ficou melhor definida. Isso fica claro na parte 1 do documento, ao explicitar a responsabilidade de cada parte envolvida no projeto: desde o incorporador que deve se preocupar, por exemplo, com as questões ambientais no momento de escolher o terreno, passando pelo construtor que precisa garantir a qualidade da construção, até o usuário final do empreendimento, para que possa utilizá-lo de maneira adequada prolongando a vida útil do produto”, explica Sergio Botassi, consultor e coordenador de cursos de pós-graduação lato-sensu na PUC-Goiás.
Segundo Botassi, anteriormente ao documento, o que existiam eram as chamadas normas prescritivas que, de uma maneira geral, estabeleciam parâmetros e qualidade do produto, mas não deixavam claro o quanto de desempenho o produto deveria propiciar. “Isso quer dizer que ao construir um edifício com uma alvenaria de bloco cerâmico e acabamento de argamassa cimentícia, a norma especificava aspectos para esses elementos, mas não o quanto eles proporcionariam de qualidade durante o uso”.
Com a vigência da norma ficou explícito que, independente da solução construtiva adotada, o importante é atender aos parâmetros de qualidade de uso como o conforto térmico e acústico. “A partir daí, o empreendedor e o gestor de projetos passaram a ter uma preocupação mais contundente em tentar garantir que uma edificação tenha a qualidade adequada de conforto, para que o usuário tenha a satisfação atendida. Além de traçar estratégias mais focadas e que serão respeitadas. Como a própria filosofia do PMI – Project Management Institute – deixa claro, é preciso conhecer muito bem as entradas e saídas de cada processo. E a saída principal do final de toda a cadeia é a satisfação do consumidor, quem irá usufruir o bem”, comenta o consultor.
De acordo com o coordenador, os projetistas precisam repensar a forma de projetar. “Atualmente, esses profissionais estão pensando de maneira muito isolada. Por exemplo, um projetista estrutural, muitas vezes, concebe seu projeto a partir do arquitetônico, considerando que a estrutura deve atender a uma vida útil mínima – como a norma de desempenho e outras já estabeleciam. Porém, mais do que isso, a normativa procura exigir do profissional que ele tenha uma visão sistêmica do produto que é o projeto. Ou seja: será que o projeto está alinhado à solução construtiva que foi estabelecida para aquela edificação? Vamos supor que o projetista estrutural conceba um prédio todo em estrutura metálica – pilares e vigas. É preciso verificar a sua exequibilidade, ou seja, será que essa é a melhor solução construtiva para aquele empreendimento? Qual será o tipo de vedação que estará associada àquela estrutura metálica? Supondo que seja escolhida a vedação em placa cimentícia ao invés da convencional – em bloco cerâmico –, é fundamental saber que esse tipo de estrutura requer uma fixação diferenciada. Portanto, o projetista precisa se preocupar com o seu projeto, não de uma maneira isolada, mas verificando a tão famosa compatibilização, muito discutida quando o assunto é projeto”.
O professor considera que fomentar essa visão integrada é papel do gestor de projetos que deve, cada vez mais, aproximar os projetistas do empreendedor e incorporador. Fazer com que ele conheça melhor a realidade da construtora, para que possa, de fato, preparar um projeto coerente com as características da obra, da incorporadora. “Esse é o calcanhar de Aquiles da norma de desempenho NBR 15 575, porque ela diz, mas não de maneira muito explícita, que o projetista precisa trabalhar de maneira mais integrada com o empreendedor. O que ainda não é visível com facilidade no mercado”, diz ele.
Conhecer a normativa e fazer com que ela seja cumprida é o principal desafio dos profissionais da área. “Como é uma norma nova e extensa e, de certa forma, até revolucionária, os profissionais estão em um estágio de aprendizado, aprendendo como adequá-la à realidade da construção civil”, comenta. É o caso da escolha do terreno: o documento deixa bem claro que, se for uma área próxima a uma via de grande circulação, é preciso cuidar da questão dos ruídos na fachada. Assim, ao conceber o empreendimento, é necessário já prever de que maneira lidar com a questão do conforto acústico. Todas essas preocupações nunca ficaram muito claras nas boas práticas da engenharia e, com o advento da norma, ficou mais evidente que a preocupação com o desempenho deve existir desde o nascedouro do empreendimento. É uma mudança de paradigma”, destaca.
Botassi recomenda que é fundamental, neste momento, que os atores da construção civil se informem sobre a norma, através de artigos e palestras e comecem a discuti-la, principalmente, na questão da exequibilidade. “Como posso na minha edificação convencional atender aos requisitos mínimos de desempenho exigidos pela norma? Essas discussões ainda estão sendo desenvolvidas e absorvidas pelo meio técnico. Há algumas iniciativas como fazer ensaios de desempenho com soluções construtivas convencionais para detectar se atendem aos requisitos. O estágio é de amadurecimento. É preciso sensibilizar a cadeia produtiva da construção civil. Muitos ainda não perceberam o quanto a norma é revolucionária”, observa.
Enquanto novos sistemas construtivos são implementados rapidamente no mercado, os desempenhos dos mais complexos de serem alcançados pelas construtoras são os de conforto térmico e acústico. “Um exemplo disso são as edificações construídas em placas de concreto. Há dez anos não se imaginava que poderia ser aplicado na realidade brasileira. Porém, essas novas soluções visam o ganho de produtividade e esquecem, muitas vezes, da qualidade que deve ter o empreendimento ao longo do tempo. Paralelamente, ainda há problemas que precisam ser resolvidos e dúvidas técnicas sobre como alcançar o nível de qualidade de conforto acústico e térmico para atender a normativa. A laje convencional de concreto atende o conforto acústico ao impacto? Quantas pessoas não escutam o vizinho chegando em casa, devido ao barulho dos sapatos? É preciso evoluir tecnicamente para se chegar a soluções adequadas e com um custo-benefício aceitável”, diz.
Para Botassi, um dos primeiros passos que o gestor de projetos deve dar é conhecer profundamente a norma. “É importante entendê-la bem, dissecá-la. Para isso, o ideal é participar de debates e encontros que tratam do tema. Atualmente, está muito claro no meio técnico que a norma precisa ser melhor entendida para, dentro da nossa realidade, se adequar a ela”. O segundo passo é buscar a conformidade à norma dentro do escopo de cada projeto e do porte da empresa. “É comum os profissionais usarem uma solução muito arrojada, mas que poderia ser substituída por outra menos complexa e mais barata. E o contrário também é verdadeiro. Assim, é preciso verificar junto à empresa se os processos que eles possuem, desde o estudo de viabilidade do empreendimento até os procedimentos operacionais de construção, atendem aos requisitos”, afirma o consultor. Fonte: Redação AECweb / e-Construmarket
A recente Norma Brasileira de Desempenho de Edifícios (ABNT NBR 15.575) introduz de forma inovadora e pela primeira vez no arcabouço normativo do nosso país o conceito de desempenho de edifícios. A norma passará a ser exigida em março de 2012 e foi feita com base nas diretrizes da ISO 6241, uma norma internacional feita pela ISO (International Standardization Organization), que padronizou a tradução técnica das necessidades humanas em requisitos de desempenho objetivos, entre eles o estrutural, térmico, acústico e lumínico.
Atender as necessidades humanas é tarefa complexa, até porque elas variam em determinados contextos e têm se mostrado crescentes e variáveis ao longo do tempo. O conceito de desempenho em edificações tem sempre um caráter sistêmico e probabilístico, ou seja, sempre atendemos uma parte da população numa parte do tempo (sensação de conforto térmico num ambiente, por exemplo).
A Norma de Desempenho estabeleceu requisitos obrigatórios para alguns sistemas das edificações, como as paredes e coberturas. Dentro da lógica do desempenho, não importa se a estrutura de um edifício é feita de concreto, aço, ou qualquer outro material, mas sim se atende aos níveis de desempenho definidos em projeto e sempre ao longo de uma vida útil. O tema é abrangente e cada requisito envolve uma especialidade de engenharia e de outras ciências, com suas peculiaridades técnicas. Um deles, o mais debatido de todos até este momento, é o desempenho acústico.
Pesquisas de satisfação pós-ocupação feitas por diversas incorporadoras e construtoras na cidade de São Paulo mostram claramente que uma das maiores reclamações feitas por usuários de imóveis é o desconforto causado pela geração de ruídos proveniente da área externa ao edifício, dos vizinhos, de equipamentos do próprio edifício e até mesmo entre ambientes internos de um mesmo apartamento. A publicação da Norma de Desempenho trouxe o tema definitivamente para a discussão, mas existem vários fatores que contribuíram para que a percepção auditiva das pessoas aumentasse bastante com o tempo.
A poluição sonora nas cidades aumentou nos últimos 20 anos com o crescente incremento da população, dos automóveis e das atividades humanas que geram ruídos, como construções, casas noturnas e passeatas. Para melhorar o trânsito na cidade de São Paulo, por exemplo, foi promulgada uma lei municipal há dois anos que impõe que as entregas de materiais para obras em construção sejam feitas entre 21 e 5 horas, o que potencializa o aumento de ruídos justamente no momento em que as pessoas mais necessitam de silêncio: durante o sono.
O consumidor também percebeu que o desempenho acústico de um imóvel depende das soluções de engenharia e arquitetura adotadas no projeto e na construção. Embora existam fatores que não dependem da engenharia e que afetam o desempenho acústico, como o próprio hábito dos consumidores, está cada vez mais clara a responsabilidade dos incorporadores e construtores neste processo.
Informações sobre a legislação brasileira referente ao desempenho acústico de edifícios já chegaram ao consumidor. Além da NBR 15575, existem outras duas normas técnicas brasileiras vigentes, a NBR 10151 e NBR 10152, que tratam dos ruídos máximos admissíveis em ambientes internos e externos às edificações respectivamente. Com o advento do Código de Defesa do Consumidor, as normas técnicas, embora não sejam leis, passaram a ter um caráter obrigatório e o seu não cumprimento pode ser cobrado judicialmente.
Nas cidades, cada vez mais são criadas Leis e Portarias que tentam controlar o nível de ruído nas cidades, como a lei conhecida como PSIU em São Paulo. Hoje também existem outros instrumentos que amplificam a voz do consumidor, como sites de reclamação, redes sociais, entidades de defesa de consumidor, e-groups etc, que se somam aos cada vez maiores espaços cedidos pela imprensa em seus veículos.
Com o desenvolvimento tecnológico da indústria da construção, os materiais aumentaram a sua resistência e as estruturas se tornaram mais esbeltas (lajes com espessuras menores, por exemplo), o que não gerou nenhum problema de estabilidade para os edifícios, mas aumentou o ruído em alguns casos. O desafio agora é buscar um ponto de equilíbrio entre as duas variáveis.
Por todas essas razões, o assunto veio para ficar e já entrou na agenda das empresas incorporadoras, construtoras e nos projetistas.
(*) Carlos Alberto de Moraes Borges é vice-presidente de Tecnologia e Qualidade do Secovi-SP
Fonte: Matéria disponibilizada no site: http://www.secovi.com.br