Arquiteto indígena da aula em universidade de Brasília
Especialista na construção residencial tradicional da tribo Kamayurá do Alto Xingú, o arquiteto indígena, Maniwa Kamayurá foi um dos mestres da disciplina de Artes e Oficios dos Saberes Tradicionais oferecida pela Universidade de Brasília (UnB). O projeto Encontro de Saberes, realizado em parceria com a SID/MinC teve o objetivo de levar aos alunos universitários o conhecimento arquitetônico presente na cultura indígena.
Maniwa e seu filho passaram cerca de duas semanas em Brasília compartilhando com os alunos um pouco do conhecimento milenar de seu povo. Na atividade principal, os índios e os alunos construíram uma maquete do que seria uma moradia tradicional Kamayurá, feita com materiais orgânicos e fibras, praticamente a mão quase sem utilizar ferramentas.
A construção original que dura um período de 15 a 20 anos, leva cerca de 7 meses para ficar pronta e segundo o mestre, tem uma estrutura inspirada na anatomia do ser humano, com costelas, pés e peito. “A gente faz uma pessoa e essa casa não é inventada, ela vem de nossos avôs. Só a família mora na casa, sogra, filhos, genro, tios, netos”.
Segundo o professor da universidade, Jaime Almeida, a arquitetura indígena faz parte de uma relação direta entre seu construtor, sua família e a comunidade. A construção das casas é trocada por comida e, além disso, os arquitetos índios passam a ter um reconhecimento social na comunidade por serem “pessoas de talento”.
A estudante do curso de arquitetura e urbanismo, Lívia Brandão foi uma das participantes da disciplina e aprovou as aulas do mestre Maniwa. “É uma oportunidade inédita para nós estudantes termos acesso a forma de construção de outros povos. É incrível como eles tem a capacidade de construir as suas próprias casas e como elas são perfeitas na relação com a temperatura, luminosidade e relação com a natureza. O modelo que a gente busca, de sustentabilidade eles já aplicam há muito tempo, porque se entendem parte dessa casa, dos materiais que são usados por eles. Ter acesso a essa sabedoria e a essa historicidade é um privilégio”.
Fonte: Arquitetura Sustentável
1 Comentário
vick
29 ago 2014 05:08 pm
gostei tudo muito bem trabalhado.adorei
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