A economia certa, por Rafael Spindler
De todas as características encontradas na boa arquitetura, aquelas que mais admiro são o rigor, a universalidade e a economia de meios. O rigor na obra representa a preocupação com aquilo que é estritamente necessário para sua correta construção, enquanto que a universalidade representa o seu caráter atemporal, ou seja, a desvinculação de qualquer moda ou tendência.
Mas para mim, a característica que mais representa a boa arquitetura é sua economia de meios. Infelizmente, para muitos arquitetos a palavra “economia” assusta na medida em que muitas vezes é traduzida como “falta de condições financeiras” para executar determinado projeto, ou pior, falta de criatividade do profissional. Nada mais longe da realidade. A verdadeira economia de meios na arquitetura representa que a construção de qualquer artefato será produzida a partir da inteligente reunião de um número reduzido de materiais, sendo que esta associação deverá ser conduzida através de um lógico processo de composição.
A economia de meios luta contra o excesso que caracteriza grande parte da arquitetura da atualidade, que muitas vezes é composta por uma quantidade absurda de elementos em sua constituição. Isto apenas fomenta a incompreensão e o caos urbano na medida em que resulta em edifícios exagerados que se tornam totalmente alienados ao meio próximo.
O arquiteto deve entender que o objetivo de sua obra não deve ser o impacto ou espanto, pois estas sensações não são capazes de assegurar a qualidade de determinada arquitetura. Ao invés disto, o bom profissional deveria realizar um esforço mental no sentido de resolver cada detalhe construtivo com precisão e coerência, para que o produto do seu trabalho se destaque pela simplicidade e não pelo excesso.
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