A beleza do Simples, por Rafael Spindler
Quando falo que a arquitetura que mais me atrai é aquela que é simples, não quero dizer que gosto das coisas desprovidas de complexidade, ou demasiadamente mínimas. Gosto sim, daquela arquitetura construída de forma elementar, ou seja, sem que o supérfluo interfira na sua constituição, fazendo da pureza dos volumes sua maior virtude.
Digo isso porque para mim, arquitetura é feita de luz e sombra. Somente a partir dos efeitos da iluminação nas superfícies das construções – e quanto mais elementar o plano melhor a luz irá incidir – é que podemos interpretar seu desenho e apreciar sua beleza.
Sempre lembro de um professor que um dia me disse que um dos problemas do português (não o de Portugal, mas o nosso brasileirês mesmo) é que ele concentra muitas interpretações em uma só palavra. Assim, quando falamos em arquitetura simples, a maioria das pessoas pensa numa obra sem graça, sem efeitos, sem vida.
Mas pelo contrário, a simplicidade da arquitetura é uma das maiores virtudes de um projeto, pois se elementos simples são arranjados da forma adequada, os efeitos serão espetaculares, mesmo que todo o edifício possa ser definido como “elementar”.
Como exemplo, apresento um projeto residencial de autoria do arquiteto paulistano Marcio Kogan. Construída em Brasília, a planta Casa Osler pode ser definida como uma “T”, onde o segundo pavimento se arranja de forma perpendicular em relação ao térreo, criando uma relação simples porém marcante entre as partes do edifício.
Outra característica fundamental é a riqueza dos detalhes em prol de uma volumetria extremamente elementar.
Quando o simples é belo, tudo fica mais fácil.
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