Influências: cópia ou reinterpretação?
A historiografia recente mostra que o desenvolvimento da arquitetura no Brasil está estruturado basicamente a partir da importação sistemática de um repertório de projetos construídos no hemisfério norte. Esta característica faz com que o mercado gere uma constante expectativa em relação à produção estrangeira, com o objetivo de obter uma coleção de modelos para a produção nacional.
Então fica a questão: Ao copiarmos estes exemplos, obteríamos o mesmo sucesso encontrado com os edifícios dos países Europeus?
É evidente que não. E isto pode ser explicado simplesmente pelo fato de que cada elemento proposto é o resultados de profundas e específicas reflexões ante os problemas encontrados apenas no lugar em que foram projetados. Ao reproduzir estes objetos em condições distintas, estaremos desrespeitando as características de cada cidade, criando uma arquitetura artificial e sem nenhum vínculo com o lugar.
Isto não quer dizer que não devemos analisar o que se concebe fora de nosso país, mas sim, que tenhamos uma grande capacidade de discernimento perante o mercado internacional, de modo a reinterpretar os resultados de acordo com as necessidades de nosso território.
É importante entender que o objetivo da arquitetura não é a busca pelo inovador ou o insólito. Estas características geralmente resultam em edificações confusas, que somente alimentam o caos contemporâneo encontrado nas cidades brasileiras.
Buscar inspiração em outras arquiteturas não deve resultar na cópia da mesma, mas sim, na eleição dos critérios que obtiveram êxito neste contexto, tomando-os como base para a criação de novos edifícios.
Antes de copiarmos a forma, devemos reproduzir os princípios.
Um excelente exemplo de reinterpretação é o projeto do MASP de autoria da arquiteta italiana radicada no Brasil, Lina Bo Bardi. Sua estrutura formal, resultado da exteriorização dos elementos de apoio em benefício da criação de um espaço interno totalmente livre, pode muito bem ter sido derivado do projeto do Crown Hall para a cidade de Chicago, uma das obras primas do arquiteto alemão radicado nos EUA, Mies van der Rohe.
Autor: Rafael Spindler
O Arquiteto Rafael Spindler também é responsável pelo projeto racional, que incorpora alta tecnologia visando a sustentabilidade, o Residencial Piazza San Marco que estabelece um novo conceito de morar, onde, entre tantas outras coisas, a integração entre o passado e o presente determinam um ambiente inspirador.
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