Piso que vira parede, que vira teto: essa é a proposta de um novo edifício na Coreia do Sul

Prédio mutante

Seul, a capital da Coreia do Sul, ganhou no mês passado um ponto turístico que vale por quatro. O presente veio na forma de um prédio-instalação concebido pelo escritório do estrelado arquiteto holandês Rem Koolhaas a pedido da grife italiana Prada. Chamado de Transformer, ele é um cubo com lados de 20 metros cujas faces têm quatro formas distintas: um círculo, uma cruz, um hexágono e um retângulo. A estrutura, que fica nos jardins do Palácio de Gyeonghui, foi pensada para abrigar exposições, mostras e desfiles. Para muitos, a forma improvável – são 180 toneladas de aço recobertas por tecido branco – já chamaria atenção suficiente. Não para Koolhaas. Ele instalou dois enormes guindastes que giram o cubo, trocando piso por parede e parede por teto em intervalos de cerca de um mês, de acordo com o uso do espaço interno. “Obras ícones como essa são fundamentais em grandes cidades”, diz Issao Minami, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP).

TRANSFORMER – Cada lado tem uma forma: retângulo, hexágono, cruz e círculo (abaixo)

“Elas quebram a lógica da arquitetura genérica, que pasteuriza as metrópoles.”

Até 26 de junho a base do Transformer será o hexágono. Na área desse hexágono ficará aberta ao público a exposição “Waist Down” (Da cintura para baixo), que reúne saias criadas por Miuccia Prada. As peças, dispostas em mostruários que rodam velozmente e em manequins pendurados na estrutura de aço, provam que, no espaço, o experimentalismo é a palavra de ordem.

 

Instalação O cubo tem quatro faces que se movem com guindaste

O espírito inovador permanece depois do primeiro giro do cubo, marcado para 27 de junho. Nesse segundo momento, com o retângulo como base, o Transformer vira um cinema que receberá uma mostra de filmes escolhidos pelo diretor mexicano Alejandro Iñarritu – responsável por produções como “Babel” e “21 Gramas”. Os outros dois giros, que farão da cruz e do círculo a base do cubo, vão criar espaços para uma exposição de arte e um desfile de moda. “O prédio se recria para continuar como referência visual da cidade”, explica Minami. Para ele, Koolhaas, que ganhou o Pritzker em 2000, considerado o Oscar da arquitetura, é um mestre na criação de ícones. “Foi assim com a Casa da Música, em Portugal, e com a Biblioteca Central de Seattle, nos EUA.” Pelo visto, continuará assim com o Transformer. (Fonte: Isto é – Comportamento – N° Edição:  2065)